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Eleições e Mercado: Como a Política Influencia Seus Ativos

Eleições e Mercado: Como a Política Influencia Seus Ativos

16/06/2025 - 16:14
Matheus Moraes
Eleições e Mercado: Como a Política Influencia Seus Ativos

Em períodos eleitorais, investidores acompanham de perto as movimentações do mercado, buscando entender como as decisões políticas podem alterar os rumos financeiros. Desde preços de ações até a taxa de câmbio, todos os indicadores refletem as expectativas em torno das urnas.

Impacto histórico das eleições sobre os mercados

Historicamente, o mercado financeiro normalmente precifica os efeitos das eleições vários meses antes da votação, ajustando preços de ativos com base em pesquisas, cenários e possibilidade de mudanças de governo.

Estudos de instituições como o JP Morgan revelam que o Ibovespa costuma ter desempenho abaixo da média nos seis meses anteriores ao pleito, entra em rally no mês da eleição e alinha-se com outros mercados emergentes no semestre seguinte, independentemente do resultado.

Esse padrão reforça a ideia de que o ambiente político-institucional gera aversão ao risco inicial, seguida de alívio e ajuste conforme os contornos do novo governo se tornam claros.

Movimentação recente em 2025/2026

No início de 2025, o Ibovespa lidera em 2025 entre os mercados globais, acumulando mais de 4% de alta até fevereiro, após um período de queda de mais de 10% em 2024. Esse desempenho atraiu o olhar de investidores estrangeiros para o Brasil.

As operações de swap cambial e os movimentos de spreads de crédito passaram a registrar maior liquidez, refletindo o retorno da confiança em títulos públicos e privados, bem como a expectativa de cortes adicionais na taxa Selic.

A oscilação da moeda também merece destaque: o dólar chegou a R$ 6,30 antes de recuar, enquanto os juros seguem trajetória de queda. Em meio a esse cenário, surgem volatilidade e oportunidades para diversos ativos, especialmente nos setores bancário e de varejo.

  • Banco Inter: valorização acima de 120% em 2025
  • BTG Pactual: forte recuperação com alta de 95%
  • Itaú Unibanco: ganhos superiores a 80% no ano

O mercado de renda fixa apresenta oportunidades atrativas para quem busca alavancar ganhos de curto prazo com proteção, especialmente na curva de juros prefixados.

Expectativas de volatilidade e estratégias de portfólio

À medida que o pleito de 2026 se aproxima, o ciclo histórico aponta para maior volatilidade, principalmente nos seis meses anteriores à eleição. A instabilidade política e fiscal incita movimentos bruscos de preços.

Analistas recomendam manter portfólios diversificados e preparados para oscilações intensas, equilibrando ativos de risco com opções defensivas.

  • Alocação em renda fixa atrelada à inflação
  • Exposição moderada a ações de setores cíclicos
  • Utilização de derivativos para proteção cambial

O fenômeno do FOMO, ou medo de ficar de fora, intensifica aportes abruptos em momentos de alta de mercado, exigindo disciplina para não comprometer a alocação planejada.

Influência institucional e política nas decisões de investimento

A integração dos fatores político-institucionais é indispensável para compreender a resposta dos mercados. Mudanças na governança, nas regras fiscais e em agências reguladoras têm impacto direto na atratividade dos ativos.

Tanto investidores institucionais e de varejo acompanham propostas de campanha, reformas tributárias e iniciativas de infraestrutura como termômetros do futuro econômico.

As agências de classificação de risco e organismos multilaterais acompanham de perto o cenário, reajustando ratings e custos de captação conforme as sinalizações de política fiscal, monetária e de regulação.

Comparação com outros mercados emergentes

Comparado a pares como Colômbia, Chile e México, o Brasil se destacou em 2025, superando a performance de vários concorrentes. Mesmo em face de incertezas institucionais, o país chamou atenção por oferecer retornos mais elevados aos investidores dispostos a assumir riscos extras.

Índices como o MSCI Emerging Markets apresentaram valorização inferior à brasileira, reforçando a atratividade local diante de volatilidade global e riscos geopolíticos.

Influência das redes sociais e opinião pública

As redes sociais têm papel relevante na formação de expectativas, transformando rapidamente rumores em tendências de mercado. Debates acalorados e notícias virais podem impulsionar ou derrubar ações de maneira abrupta.

Além disso, algoritmos de inteligência artificial e bots podem amplificar desinformação, acelerando movimentos de preço que nem sempre se baseiam em fundamentos sólidos.

Setores e ativos favorecidos ou prejudicados em ano eleitoral

Em ciclos eleitorais, alguns setores apresentam performance diferenciada:

  • Varejo e consumo: alta demanda antes de reajustes de salário mínimo
  • Construção civil: impulsionada por propostas de investimento em infraestrutura
  • Educação: perspectivas de aumento de subsídios e programas sociais

Também o agronegócio se mostra resistente a ciclos eleitorais, devido à demanda global por commodities, embora possa sofrer com alterações em políticas de subsídio e crédito rural.

Por outro lado, segmentos extremamente sensíveis a regulações, como telecomunicações e energia, podem enfrentar maior risco de instabilidade até a definição das novas políticas. Além disso, em contextos de incerteza, estratégias com foco em dividendos e valuation tornam-se mais relevantes, pois oferecem proteção contra quedas abruptas de preços.

Com base nesses padrões históricos e no cenário atual, investidores podem calibrar suas estratégias para surfar a onda de volatilidade e, ao mesmo tempo, proteger o patrimônio contra possíveis turbulências políticas.

Ao longo dos próximos meses, os investidores que se mantiverem informados sobre pesquisas eleitorais, propostas de governo e indicadores econômicos terão vantagem competitiva ao ajustar suas posições de forma proativa e estratégica.

Em resumo, a relação entre eleições e ativos exige análise cuidadosa de indicadores, fatores políticos e comportamento dos investidores. Ao acompanhar padrões históricos e eventos atuais, é possível aproveitar oportunidades e mitigar riscos, garantindo resultados mais consistentes ao longo de ciclos eleitorais.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes