Em um cenário global de incertezas e desafios comerciais, o agronegócio brasileiro se mantém como pilar fundamental para a economia nacional. Mesmo diante de políticas protecionistas e oscilações de preços, o setor agrícola alcançou resultados expressivos em 2025, garantindo um saldo positivo na balança comercial e fortalecendo o Brasil como um fornecedor estratégico de alimentos e matérias-primas.
Em abril de 2025, as exportações do agronegócio atingiram US$ 15,03 bilhões, um crescimento de 0,4% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o montante foi de US$ 14,96 bilhões. No acumulado de janeiro a abril, o setor exportou US$ 52,7 bilhões, alta de 1,4% comparada ao mesmo período do ano anterior.
Este desempenho expressivo também se refletiu no primeiro trimestre do ano, com exportações somando US$ 37,8 bilhões, aumento de 2,1% sobre 2024, configurando o maior valor já registrado para o período. O agronegócio respondeu por 49,2% das exportações totais do país no quadrimestre e chegou a 53,6% em março, ressaltando a importância estratégica do setor.
No âmbito da balança comercial, o acumulado de janeiro a maio de 2025 registrou superávit de US$ 24,43 bilhões, queda de 30,6% em relação ao mesmo período de 2024, mas ainda mantendo o país em terreno positivo. Nesse intervalo, as exportações totalizaram US$ 136,93 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 112,49 bilhões.
Para contextualizar, em 2024 o agronegócio gerou receita de US$ 164,4 bilhões, recuando 1,3% em relação a 2023, principalmente devido à retração nos volumes e preços de soja e milho. Ainda assim, o setor mostrou resiliência diante de desafios internos e externos.
O portfólio de exportações agrícolas brasileiras é diversificado, com alguns produtos se destacando pela relevância em volume e valor. Nesta safra, a liderança ficou com a soja em grãos, seguida por uma série de commodities que reforçam o potencial de mercado do país.
Apesar dos bons números, o setor enfrenta uma série de barreiras que testam sua capacidade de adaptação. As oscilações nos preços internacionais, medidas protecionistas e variações de volume representam elementos-chave nesse cenário.
Nem todas as cadeias agrícolas seguiram o mesmo ritmo de crescimento. Produtos como milho não moído enfrentaram queda abrupta de 78,7% nas exportações, enquanto o algodão em bruto recuou 31,2%. Carnes de aves e açúcar e melaços também sofreram perdas de 12,9% e 28%, respectivamente.
No entanto, a diversidade do agronegócio permite que segmentos resilientes apoiem o desempenho geral. A expectativa de uma safra recorde em 2025, estimada em 332,6 milhões de toneladas, reforça a confiança no setor, apesar dos riscos associados a mudanças climáticas, variações cambiais e barreiras protecionistas.
O agronegócio desempenha papel central na manutenção do superávit comercial brasileiro, respondendo por parcela significativa das exportações e atuando como amortecedor frente às oscilações de outros setores. Abaixo, um comparativo entre segmentos em maio de 2025:
Esses dados evidenciam a contribuição percentual do agronegócio — quase metade das exportações totais — e seu papel estratégico para equilibrar a balança comercial.
As projeções para o restante de 2025 indicam um cenário de otimismo cauteloso. A safra recorde trará maiores volumes para exportação, mas será necessário monitorar atentamente fatores externos, como mudanças em políticas comerciais de grandes importadores e oscilações cambiais.
O agronegócio brasileiro tem investido em inovação tecnológica, práticas sustentáveis e diversificação de mercados para enfrentar riscos e ampliar sua participação global. Iniciativas de uso racional da água, recuperação de solos e certificações socioambientais se mostram cada vez mais essenciais para acessar nichos exigentes.
Em síntese, o setor agrícola brasileiro provou, mais uma vez, sua resiliência e capacidade de adaptação. Apesar dos desafios, mantém-se como motor de geração de divisas, segurança alimentar e desenvolvimento regional. A combinação de investimentos em tecnologia, fortalecimento de cadeias produtivas e abertura de novos mercados será fundamental para sustentar o saldo positivo e consolidar o Brasil como um protagonista no comércio global de commodities agrícolas.
Referências