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Exportações agrícolas garantem saldo positivo na balança

Exportações agrícolas garantem saldo positivo na balança

22/04/2025 - 21:29
Maryella Faratro
Exportações agrícolas garantem saldo positivo na balança

Em um cenário global de incertezas e desafios comerciais, o agronegócio brasileiro se mantém como pilar fundamental para a economia nacional. Mesmo diante de políticas protecionistas e oscilações de preços, o setor agrícola alcançou resultados expressivos em 2025, garantindo um saldo positivo na balança comercial e fortalecendo o Brasil como um fornecedor estratégico de alimentos e matérias-primas.

Panorama geral das exportações agrícolas em 2025

Em abril de 2025, as exportações do agronegócio atingiram US$ 15,03 bilhões, um crescimento de 0,4% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o montante foi de US$ 14,96 bilhões. No acumulado de janeiro a abril, o setor exportou US$ 52,7 bilhões, alta de 1,4% comparada ao mesmo período do ano anterior.

Este desempenho expressivo também se refletiu no primeiro trimestre do ano, com exportações somando US$ 37,8 bilhões, aumento de 2,1% sobre 2024, configurando o maior valor já registrado para o período. O agronegócio respondeu por 49,2% das exportações totais do país no quadrimestre e chegou a 53,6% em março, ressaltando a importância estratégica do setor.

No âmbito da balança comercial, o acumulado de janeiro a maio de 2025 registrou superávit de US$ 24,43 bilhões, queda de 30,6% em relação ao mesmo período de 2024, mas ainda mantendo o país em terreno positivo. Nesse intervalo, as exportações totalizaram US$ 136,93 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 112,49 bilhões.

Para contextualizar, em 2024 o agronegócio gerou receita de US$ 164,4 bilhões, recuando 1,3% em relação a 2023, principalmente devido à retração nos volumes e preços de soja e milho. Ainda assim, o setor mostrou resiliência diante de desafios internos e externos.

Principais produtos e seus desempenhos

O portfólio de exportações agrícolas brasileiras é diversificado, com alguns produtos se destacando pela relevância em volume e valor. Nesta safra, a liderança ficou com a soja em grãos, seguida por uma série de commodities que reforçam o potencial de mercado do país.

  • Soja em grãos: com cerca de 40% de participação em abril, foram embarcadas 15,27 milhões de toneladas, gerando US$ 5,9 bilhões em receita. Apesar de uma queda de 9,7% no preço médio, a soja permanece como carro-chefe das exportações.
  • Carne bovina: registrou crescimento de 20% em relação a 2024, alcançando US$ 9,2 bilhões no quadrimestre, impulsionada pela demanda robusta da China e dos Estados Unidos, mesmo após a imposição de novas tarifas norte-americanas.
  • Café verde: saltou 92,7% em março, somando US$ 1,4 bilhão, reflexo de uma oferta global limitada e da sólida procura internacional.
  • Além disso, carnes de frango in natura subiram 9,6% (US$ 772,3 milhões), celulose avançou 25,4% (US$ 988 milhões), e o óleo de milho atingiu o maior valor histórico em abril, com US$ 55,3 milhões. Produtos como suco de laranja, algodão em pluma e óleo de soja também registraram aumento nos volumes embarcados.

Desafios e obstáculos recentes

Apesar dos bons números, o setor enfrenta uma série de barreiras que testam sua capacidade de adaptação. As oscilações nos preços internacionais, medidas protecionistas e variações de volume representam elementos-chave nesse cenário.

  • Tarifas internacionais: o pacote tarifário dos EUA, anunciado em abril de 2025, estabeleceu tarifas mínimas de 10% para diversos produtos brasileiros, principalmente carne bovina, exigindo ajustes nas estratégias de mercado.
  • Flutuações de preços: entre janeiro e abril, houve elevação média de 5,3% nos preços em dólar, mas alguns produtos, como a soja, registraram queda, pressionando a rentabilidade.
  • Variabilidade de volume: diversos embarques cresceram 10,2% em março, mas o acumulado até abril apresentou retração de 3,5%, impactado por políticas comerciais de grandes parceiros.

Setores em retração e em ascensão

Nem todas as cadeias agrícolas seguiram o mesmo ritmo de crescimento. Produtos como milho não moído enfrentaram queda abrupta de 78,7% nas exportações, enquanto o algodão em bruto recuou 31,2%. Carnes de aves e açúcar e melaços também sofreram perdas de 12,9% e 28%, respectivamente.

No entanto, a diversidade do agronegócio permite que segmentos resilientes apoiem o desempenho geral. A expectativa de uma safra recorde em 2025, estimada em 332,6 milhões de toneladas, reforça a confiança no setor, apesar dos riscos associados a mudanças climáticas, variações cambiais e barreiras protecionistas.

Importância do agronegócio para a balança comercial

O agronegócio desempenha papel central na manutenção do superávit comercial brasileiro, respondendo por parcela significativa das exportações e atuando como amortecedor frente às oscilações de outros setores. Abaixo, um comparativo entre segmentos em maio de 2025:

Esses dados evidenciam a contribuição percentual do agronegócio — quase metade das exportações totais — e seu papel estratégico para equilibrar a balança comercial.

Perspectivas futuras

As projeções para o restante de 2025 indicam um cenário de otimismo cauteloso. A safra recorde trará maiores volumes para exportação, mas será necessário monitorar atentamente fatores externos, como mudanças em políticas comerciais de grandes importadores e oscilações cambiais.

O agronegócio brasileiro tem investido em inovação tecnológica, práticas sustentáveis e diversificação de mercados para enfrentar riscos e ampliar sua participação global. Iniciativas de uso racional da água, recuperação de solos e certificações socioambientais se mostram cada vez mais essenciais para acessar nichos exigentes.

Em síntese, o setor agrícola brasileiro provou, mais uma vez, sua resiliência e capacidade de adaptação. Apesar dos desafios, mantém-se como motor de geração de divisas, segurança alimentar e desenvolvimento regional. A combinação de investimentos em tecnologia, fortalecimento de cadeias produtivas e abertura de novos mercados será fundamental para sustentar o saldo positivo e consolidar o Brasil como um protagonista no comércio global de commodities agrícolas.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Faratro