Em um cenário de transformações econômicas e busca constante por rentabilidade, o mercado de capitais brasileiro vem encontrando nos produtos estruturados uma nova fronteira de inovação. Ao combinar diversas classes de ativos, essas operações oferecem potencial de ganhos atraentes e mecanismos de proteção, conquistando a atenção de investidores que desejam ir além dos investimentos tradicionais. Desde gestores de recursos até investidores individuais, a curiosidade cresce à medida que surgem soluções capazes de equilibrar risco e retorno de forma mais sofisticada. Neste artigo, exploraremos conceitos, números e tendências, além de apresentar exemplos práticos e discutir desafios e oportunidades para quem deseja aproveitar essa aposta ousada.
Produtos estruturados são instrumentos financeiros que combinam dois ou mais ativos ou derivativos, com o objetivo de gerar resultados diferenciados, seja na perspectiva de ganho, seja na busca por hedge. Esses contratos podem envolver componentes de renda fixa, renda variável, moedas, commodities ou índices de inflação, customizando o nível de exposição do investidor.
Em linhas gerais, é possível projetar operações com instrumentos financeiros compostos por dois ou mais pilares que definem cenários de retorno e proteção. A principal vantagem é a possibilidade de criar estruturas que se adaptam a diferentes perfis de risco, desde estratégias voltadas para preservação de capital até modelos mais arrojados, que aproveitem cenários de alta volatilidade. A seguir, alguns exemplos comuns no mercado atual:
Cada produto possui características próprias de funcionamento, com prazos, índices de referência e condições de pagamento definidas em contrato. Alguns são de capital protegido, garantindo devolução parcial ou total do valor aplicado, enquanto outros oferecem alavancagem, potencializando ganhos mas também riscos. Com o avanço da infraestrutura da B3 e a melhoria regulatória, essas operações ganharam tração e transparência, atraindo olhares de investidores locais e estrangeiros.
Nas últimas décadas, o mercado de capitais brasileiro passou por consolidação e modernização. A fusão entre BM&FBovespa e Cetip, em 2017, resultou na B3, plataforma que unificou negociações e registros, aumentando a eficiência e a segurança nas operações. Em paralelo, as políticas macroeconômicas, com trajetória de juros elevados e controle da inflação, incentivaram a busca por alternativas além da tradicional renda fixa.
Segundo a S&P Global Ratings, as emissões de produtos estruturados na América Latina devem alcançar US$ 35 bilhões em 2025, um crescimento considerável em relação aos US$ 28 bilhões registrados em 2023. No Brasil, esse movimento se traduz em maior diversificação de instrumentos, envolvendo desde COEs atrelados ao Ibovespa até estruturas que combinam derivativos de câmbio e commodities. A robustez do mercado e a flexibilidade na montagem de estratégias conferem agilidade, permitindo ajustar as ofertas conforme o humor dos investidores e as expectativas econômicas.
A tabela a seguir sintetiza a expansão recente das emissões estruturadas na região, destacando a relevância do Brasil no contexto latino-americano.
As vantagens dos produtos estruturados vão além do retorno potencial. Eles permitem personalização ao investidor sofisticado, combinando ativos de diferentes classes e indexadores, definindo gatilhos de pagamento e limites de proteção. Entre os formatos mais comuns, destacam-se:
Com ferramentas avançadas de modelagem de cenários e precificação, gestores podem criar produtos que respondam a eventos econômicos específicos, como aumento dos juros, oscilações no câmbio ou variações de commodities. Essa capacidade estratégica é um diferencial num mercado cada vez mais dinâmico, onde a transparência e segurança aos investidores são cruciais para atrair capital.
Os produtos estruturados são classificados como complexos pelas principais corretoras e órgãos reguladores, sendo recomendados prioritariamente a investidores com maior capacidade de análise e tolerância ao risco. Esse público geralmente engloba investidores que buscam otimização de retornos e diversificação, gestores de patrimônio em busca de soluções sofisticadas e fundos especializados em operações avançadas. Para atuar nesse segmento, é fundamental possuir estudo aprofundado e contínuo das variáveis sobre derivativos, variáveis macroeconômicas e cenários de estresse. A ausência de um entendimento claro pode resultar em prejuízos significativos, especialmente em estruturas alavancadas. Por isso, o acompanhamento diário dos movimentos de mercado e o uso de ferramentas de modelagem de cenários são indispensáveis para quem deseja se beneficiar dessas estratégias.
Apesar do potencial, o mercado de produtos estruturados enfrenta desafios que precisam ser superados, assim como oferece oportunidades valiosas para quem está preparado.
Entre as principais oportunidades, destacam-se:
Por outro lado, há desafios a serem vencidos:
Superar esses obstáculos requer ações coordenadas entre reguladores, instituições financeiras e educadores de mercado, além de investimentos em tecnologia e treinamento.
À medida que o mercado de capitais evolui, os produtos estruturados tendem a ganhar ainda mais relevância. Com a consolidação de plataformas como a B3 e avanços regulatórios, será possível lançar estruturas mais sofisticadas, com transparência e segurança aos investidores, ampliando o acesso e diversificando os perfis de risco. A expectativa é que, nos próximos cinco anos, tecnologias como inteligência artificial e blockchain também desempenhem papel fundamental na criação e gestão desses produtos, trazendo maior agilidade na precificação e monitoramento em tempo real. Para investidores e gestores, o convite é claro: buscar conhecimento, aperfeiçoar processos internos e avaliar constantemente o desempenho das carteiras, pois somente assim será possível colher os frutos de uma estratégia verdadeiramente inovadora.
Em resumo, os produtos estruturados representam uma aposta ambiciosa no mercado de capitais brasileiro. Seu potencial de retorno aliado a mecanismos de proteção os torna atraentes para quem deseja sair da zona de conforto, explorar novas fronteiras financeiras e construir portfólios mais resilientes. Desafios não faltam, mas a combinação de educação, tecnologia e regulação pode transformar essas operações em pilares sólidos para a diversificação e o crescimento sustentável do investimento no país.
Referências