O Brasil vive um momento de transformação sem precedentes em seu setor elétrico, marcado por uma rápida adoção de tecnologias limpas e uma crescente maturidade de políticas públicas que incentivam investimentos em fontes sustentáveis.
Até março de 2025, o país contabilizou 209.904,9 MW de capacidade fiscalizada, dos quais 85,02% provenientes de fontes renováveis. Esse número reflete a força de usinas hidrelétricas consolidadas, do avanço da energia eólica no Nordeste e do impressionante salto da geração solar em todo o território.
Em 2025, a projeção é adicionar 9.950 MW de potência instalada, aproximando-se dos recordes de 2023 (10.316 MW) e 2024 (10.792 MW). Já nos dois primeiros meses, foram somados 1.613,70 MW, com destaque para Mato Grosso do Sul (437,13 MW) e Minas Gerais (336,83 MW).
Essa evolução demonstra a mudança do perfil energético nacional, reduzindo a dependência de combustível fóssil e ampliando a participação de fontes limpas no mix.
O crescimento acelerado não ocorreria sem um ambiente favorável de financiamento e incentivos. Linhas de crédito como a FNO Energia Verde permitem financiar até 100% do valor de instalação, com prazos de até oito anos e carência de seis meses.
O Banco da Amazônia (BASA) se destacou ao liberar R$ 4,5 bilhões em 2024 para projetos empresariais de energia solar, e espera-se aporte ainda maior em 2025. Além disso, incentivos fiscais estaduais e o marco regulatório nacional consolidado têm reforçado a confiança de investidores nacionais e estrangeiros.
Essa combinação de fatores fortalece a segurança jurídica e o fluxo de capital necessários para acelerar novos empreendimentos.
No setor solar, 2024 foi recorde absoluto: foram acrescentados 14,3 GW de capacidade. Para 2025, a expectativa de 13,2 GW representa um crescimento de 25% sobre os 51,5 GW já instalados. Projetos comunitários, como pequenos sistemas fotovoltaicos em comunidades isoladas do Norte e Nordeste, demonstram como a descentralização pode ampliar o acesso à energia.
Na energia eólica, a Bahia liderou novos empreendimentos em fevereiro de 2025, com 64,2 MW liberados, reforçando o papel do Nordeste como celeiro de ventos constantes. A biomassa, por sua vez, mantém expansão estável, integrando resíduos agroindustriais e fortalecendo a economia circular.
Estima-se que, até 2030, o Brasil supere 100 GW de capacidade solar e 30 GW de eólica, tornando-se referência global e atraindo novas indústrias de fabricação de equipamentos e centros de pesquisa em tecnologias sustentáveis.
*Dados até março de 2025.
A adoção de sistemas solares conectados à rede permite reduzir em até 98% a conta de energia de residências e empresas. Um investimento de R$ 33 mil em painéis solares pode representar uma economia média mensal de R$ 550, ou 91% do valor gasto anteriormente na concessionária.
Além disso, a expansão de renováveis tem gerado milhares de empregos em montagem, operação e manutenção de parques, beneficiando especialmente regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Pequenas indústrias locais de fabricação de estruturas metálicas, cabos e transformadores foram impulsionadas pela demanda crescente.
Apesar dos avanços expressivos, o setor enfrenta obstáculos técnicos e regulatórios. A intermitência de solar e eólica exige investimentos robustos em armazenamento e sistemas de gerenciamento inteligente, bem como a modernização da infraestrutura de transmissão.
Essas diretrizes são essenciais para consolidar o Brasil como protagonista global em energia limpa e manter o ritmo de crescimento em um cenário de urgência climática.
O boom das energias renováveis no Brasil não é apenas um fenômeno estatístico, mas um movimento de transformação social, econômica e ambiental. O país reúne recursos excepcionais — sol, vento, biomassa e grande potencial hidrelétrico — e dispõe de um arcabouço institucional que incentiva a inovação e o investimento.
Ao consolidar políticas públicas consistentes e expandir o acesso às linhas de crédito, o Brasil pavimenta o caminho para um futuro mais sustentável e competitivo. A união entre setor privado, governos e sociedade civil pode assegurar que as próximas décadas sejam marcadas pela consolidação de uma matriz energética limpa, resiliente e inclusiva.
Em um contexto de compromissos internacionais de descarbonização e recordes de temperatura global, o país tem a oportunidade histórica de liderar a transição energética, gerando empregos, reduzindo custos e protegendo seu território e comunidades para as gerações futuras.
Referências