Em um momento de transformações econômicas profundas, os fundos de infraestrutura brasileiros surgem como opção de investimento capaz de aliar rentabilidade e planejamento estratégico de longo prazo.
Mesmo após um prolongado ciclo de aperto monetário, o Brasil demonstra resiliência notável da economia brasileira, com expectativa de crescimento do PIB em torno de 2,3% para 2025. A inflação segue em trajetória de desaceleração e as taxas de juros reais permanecem entre as maiores do mundo, atraindo capital estrangeiro.
Por outro lado, as altas taxas de juros elevam o custo de crédito para empresas do setor, gerando um ambiente de custos financeiros elevados e demandando maior disciplina na gestão de dívidas. Além disso, há preocupação quanto ao limite fiscal do país, o que reforça a importância de ajustes orçamentários capazes de destravar novos investimentos.
O ano de 2024 foi marcado por um crescimento extraordinário nas captações dos fundos de infraestrutura. Até novembro, o volume alcançou R$ 109,5 bilhões, quase dez vezes superior ao total de 2023.
Paralelamente, a emissão de debêntures incentivadas bateu recorde, com R$ 138 bilhões em emissões e negociação no mercado secundário de R$ 254 bilhões. Esse movimento reflete a necessidade urgente de expansão e manutenção de infraestrutura em um país de dimensões continentais.
Entre janeiro de 2024 e maio de 2025, o CDI acumulou 14,96%. Apenas três fundos de infraestrutura conseguiram superar esse benchmark, destacando-se pelo desempenho consistente e estratégias bem definidas.
Além disso, os FI-Infras registraram descontos patrimoniais reduzidos, em média 4% abaixo do valor patrimonial, e recuperaram base de cotistas mesmo em períodos de menor liquidez.
Os fundos investem majoritariamente em debêntures de projetos de transporte, energia e saneamento. Essa diversificação setorial reduz riscos específicos e aproveita oportunidades em diferentes frentes de desenvolvimento.
O principal desafio decorre do ambiente de juros elevados, que torna mais onerosa a captação de recursos pelas empresas emissoras de dívidas e pode limitar novos projetos. Além disso, a rápida recuperação de FIIs e Fiagros no início de 2025 atraiu parte do capital que poderia ser direcionado aos FI-Infras.
Outro ponto sensível é o risco fiscal: incertezas sobre a sustentabilidade das contas públicas podem impactar negativamente o apetite por investimentos de longo prazo e aumentar a percepção de risco entre investidores institucionais.
Apesar dos desafios, várias oportunidades emergem no horizonte:
1. Retomada de crescimento de cotistas: com estabilização da economia, espera-se maior demanda por fundos que ofereçam rendimentos previsíveis e proteção contra a inflação.
2. Fundos negociados com desconto: ativos com valor de mercado abaixo do valor patrimonial representam chance de ganhos futuros quando houver reavaliação de preços.
3. Expansão de projetos estratégicos: leilões de concessões em rodovias, ferrovias e energias renováveis devem impulsionar a emissão de novas debêntures.
O desempenho dos fundos de infraestrutura no cenário atual revela um setor em expansão, mas ainda sensível a oscilações macroeconômicas e ao ambiente fiscal. A combinação de alta captação, recordes em emissões de debêntures e rendimentos superiores ao CDI por alguns fundos demonstra o potencial desse segmento.
Para investidores que buscam diversificação e proteção contra a inflação, os FI-Infras oferecem alternativa estratégica de longo prazo, com pagamentos regulares e isenção fiscal. No entanto, é crucial avaliar riscos associados a juros elevados e condições fiscais do país.
À medida que projetos de infraestrutura ganham ritmo, a perspectiva é de consolidação do setor, atração de novos recursos e valorização de cotas. Manter-se informado sobre lançamentos, alocação setorial e performance histórica será determinante para aproveitar as melhores oportunidades nos próximos meses e anos.
Referências