O setor automotivo global vive uma transformação sem precedentes, impulsionada por avanços tecnológicos e pela urgência de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. No Brasil, essa revolução no setor automotivo ganha força com números que demonstram não apenas crescimento, mas também um compromisso crescente com a sustentabilidade.
Entre 2020 e 2021, as vendas de veículos elétricos no mundo mais que dobraram, alcançando 6,6 milhões de unidades comercializadas. Metade desse volume foi registrada na China, que lidera há oito anos consecutivos tanto na produção quanto no consumo desses veículos.
Esse movimento global é impulsionado por políticas de incentivo, subsídios generosos e ambições de redução de emissões de gases poluentes. Hoje, diversas nações planejam eliminar gradualmente a venda de modelos movidos somente a combustíveis fósseis até 2035, reforçando a tendência de que os veículos elétricos não sejam apenas uma alternativa, mas o futuro do transporte.
No Brasil, a eletrificação avança em ritmo acelerado. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), foram vendidos 177.358 veículos eletrificados em 2024, um salto de 89% em relação ao ano anterior. Para 2025, estima-se que mais de 335.000 unidades já estarão em circulação.
Apesar de ainda representarem uma fração dos quase 2 milhões de carros vendidos anualmente, esses números evidenciam uma penetração de mercado em rápida expansão no País.
O compromisso das fabricantes com a eletrificação também se materializa em investimentos bilhões de reais. A Stellantis anunciou investimento anunciado de R$ 30 bilhões no Brasil entre 2025 e 2030 para lançar mais de 40 modelos híbridos e elétricos.
Outras dez montadoras planejam destinar quase R$ 95 bilhões ao desenvolvimento de veículos eletrificados até o final da década. A chegada de fábricas da BYD e da GWM a partir de 2025 sinaliza um importante passo rumo à produção local e à redução da dependência de importações.
Em abril de 2025, foram comercializados 14.759 carros elétricos e híbridos no Brasil, representando uma leve alta em relação a março, mas uma queda de 2,9% frente a abril de 2024. No primeiro quadrimestre, o total de 54.683 unidades vendidas representou um crescimento de 6,6% sobre o mesmo período do ano anterior.
Em maio de 2025, os veículos puramente elétricos (BEVs) somaram 6.969 unidades, alta de 48,2% sobre abril, enquanto os híbridos plug-in (PHEVs) atingiram 7.581 emplacamentos. As vendas de BEVs e PHEVs passaram de 47% do total em 2023 para 87% em 2025.
Levantamentos indicam que 65,6% dos adultos brasileiros acreditam que os carros elétricos são o futuro do setor automotivo, superando a média global de 59,8%. No entanto, apenas 10% da população possui efetivamente um veículo eletrificado, abaixo dos 12% registrados em nível mundial.
Sem subsídios robustos como os praticados na China, onde foram investidos quase US$ 30 bilhões em incentivos em 2021, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar políticas fiscais e estímulos ao consumidor.
Se a eletrificação seguir o ritmo projetado, o consumo de gasolina poderá cair até 40,7% até 2031, com redução de 27,5% no consumo total de energia da frota. A matriz energética brasileira, já bastante renovável, pode se tornar uma referência mundial na produção de transporte de baixo carbono.
Para capitalizar esse potencial, será essencial acelerar a implantação de pontos de recarga, incentivar a produção nacional de baterias e componentes, além de aprimorar regulações que favoreçam a adoção em massa. Políticas públicas alinhadas com metas de sustentabilidade podem transformar o Brasil em um polo de inovação.
Em um cenário ideal, o País não apenas reduz suas emissões, mas também atrai investimentos tecnológicos e gera empregos de alta qualificação. A sinergia entre governo, indústria e sociedade civil se mostra fundamental para consolidar essa trajetória.
À medida que a mobilidade elétrica avança, cada consumidor, cada município e cada empresa têm a oportunidade de contribuir para uma revolução que ultrapassa as estradas e impacta diretamente a qualidade de vida das futuras gerações. Este é o momento de acelerar a mudança e adotar escolhas que façam a diferença.
Referências