A Taxa Selic está no coração das decisões econômicas do Brasil. Mais do que um indicador, ela norteia todas as operações de crédito e define o ritmo de consumo e investimento.
Entender sua mecânica e impactos é essencial para profissionais, investidores e cidadãos que desejam se planejar no atual cenário.
A Selic, acrônimo de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, é a taxa básica de juros da economia brasileira. Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ela representa o custo do dinheiro para o governo e serve de baliza para o mercado.
Originalmente criada em 1979 para combater a hiperinflação, a Selic ganhou relevância ao longo das décadas como instrumento principal de política monetária e continua sendo o referencial para empréstimos, financiamentos e investimentos de renda fixa.
O Copom se reúne geralmente a cada 45 dias para revisar e, se necessário, ajustar a Selic Meta. A decisão considera indicadores como inflação, atividade econômica, expectativas de mercado e cenários externos.
Além desses dois conceitos, o Copom analisa a variação cambial, indicadores de emprego e pressões de custos, compondo um painel que orienta a definição da taxa.
A alteração da Selic opera diretamente na oferta de crédito e na propensão ao consumo. Quando o Banco Central opta por elevar a taxa:
Por outro lado, uma redução na Selic busca:
Desde sua criação, a Selic já atingiu patamares extremos para lidar com mudanças de regime macroeconômico. No início dos anos 2000, rondou 40% ao ano; em meados de 2020, chegou a mínimos históricos abaixo de 3%.
Mais recentemente, a partir do segundo trimestre de 2024, o Comitê iniciou um ciclo de elevações para conter pressões inflacionárias. Em junho de 2025, a Selic atingiu 15,00% ao ano, resultado de um aumento acumulado de 450 pontos-base.
As perspectivas indicam manutenção no nível atual até o início de 2026, seguida por um gradativo ciclo de afrouxamento monetário que pode reduzir a taxa em até 200 pontos-base até o final de 2026.
A Selic permeia diversos segmentos da economia, com impactos que se estendem desde a mesa do consumidor até grandes corporações:
Empresas ajustam planos de investimento, famílias repensam prioridades de gastos e o governo monitora o impacto no endividamento público.
A Selic influencia e é influenciada por diversos índices e taxas de mercado. Entre os principais:
Em um mundo cada vez mais interconectado, fatores externos, como tensões comerciais e choques de oferta globais, podem antecipar ou postergar decisões do Copom.
Para analistas, a estabilidade da inflação e o resfriamento da atividade sugerem início de corte gradual na Selic a partir de meados de 2026, conduzindo-a para patamares próximos a 9% entre 2027 e 2028.
No entanto, riscos como choques de preços de commodities ou volatilidade cambial podem exigir revisões mais frequentes.
Em suma, a Taxa Selic permanece como principal alavanca de política monetária no Brasil, influenciando decisões de consumo, poupança e investimento para toda a sociedade.
Referências